quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Actas 3ª e 4ª prova


Acta 3ª e 4ª prova... As Viagens de Esticamus

Andava eu numa de pesca, sabe-se lá de quê, porque isto dos 40 faz-nos perder o Tino, não, não é o de Rans, que esse já deve ter comido as pedras todas da calçada, tal é a crise a que o seu camarada de partido o votou, mas sim o do Juízo, que já é pouco e ainda esmifrado pela companhia de outros sete convivas que já expiraram o prazo de validade e ainda não o descobriram.
Mas dizia eu que andava à pesca, e já me perdia tal é a falta de neurónios na parte da lembradura, quando de repente, uma luz se me alumiou de tal maneira que dei por mim, não sei aonde e a fazer não sei o quê. Seria recorrente isto, não fosse o lugar inóspito em que me encontrava.
Deparei com casas enormes, a perder de vista, ruas com passeios da minha altura, valetas que davam para me engolir e as plantas, eram no mínimo do tamanho de sequóias...
Tu queres ver...???” pensei eu.
Andaste outra vez nos shots de bezegol e estás com uma narsa do caixão à cova?”
Mas não, a última vez que tinha bebido um copito já fazia 12h, por isso, não podia ser...!
Estava eu nestes preparos quando me surge pela frente um homem, quer dizer, um gigante, do tamanho aí da torre dos clérigos, quer dizer, da casa da música, ou antes, sei lá, da sede do académico... pronto, vá, do tamanho de um poste de iluminação e não se fala mais nisso.
Vai daí, deitou-me a mão e agarrou-me, levantando-me até ao nível das suas fuças desatou a berrar aos meus ouvidos...
BOOOOOOOORF” disse ele...
O quê?” digo eu, “Não percebo a sua língua amigo...
Também não estava a falar ó minorca, era um arroto mesmo”, diz o dito. “Tive ali a comer umas iscas de baleia e deram-me volta ao papo”
Ah, pois, pelo cheiro devia ser baleia de 3 semanas não?” disse eu.
Olha lá, estás caladinho senão levas uma dentada não tarda, se bem que é só ossos, mais pareces uma codorniz XL” disse ele.
Ouça lá, já agora, onde estou?” disse eu. “Isto aqui é tudo tão grande!!!”
Ó ratazana, estás em Brobdingnag, a terra dos gigantes e eu sou o Arrotus” diz-me ele.
Arrotus, você, quem diria né, se bem que eu até pensei que estivesse em Barcelos nalguma festa dos gigantones cabeçudos.” respondi eu.
Bom anda daí que estou a caminho de uma festarola disfarçada de concurso ali prós lados das montanhas e já podes ver como vivemos e convivemos, nós, os aborígenes da terra dos gigantes” disse ele.
Sim senhor, não tenho remédio né, estou aqui quase esmagado na sua mão” digo eu. “Isto é tal e qual uns artistas que eu conheço lá para os meus lados.”
Não tardou muito estávamos numa casa gigantesca, enorme, cheia de quartos, salas cadeiras, eu sei lá. Chamam-lhe aquilo Matos e passam a vida a jogar Match portanto, ou ouvi mal, ou eles são um bocado repetitivos nos nomes.
Mas o pior nem era isso, o estranho eram mesmo os gigantones. O mais novo deles, andava de saco no lugar onde nós temos o dito cujo, coisa nunca vista, e chamavam-lhe o Sacus. Não percebi bem porque mas devia ter a ver com o saco dele, ou então, como é um chato da pior espécie, diria que é por andar sempre a “encher o saco” como dizem os brasucas.
Depois havia um urso, que falava e tudo.
Belisquei-me, pensei que estava em transe mas não. Ele falava, comia com talheres e até andava quase sempre bípede. Tinha uma estranha mania de estar agarrado a uma máquina fotográfica. Pensei em dizer-lhe que aquilo era dos chinocas, que só tinha o invólucro e ainda por cima estava sempre com a tampa na lente, mas tive receio, que isto dos gigantones nunca se sabe. Ainda me punham na mesa com uma laranja na boca, safa!
Chamavam-no de Kodaque... estranhissimo de facto. Deduzo que a etimologia do nome tenha que ver com a Koda ou côdea, pois o dito passa a vida a rilhar ossos e outras coisas afins...
Por falar em estranhos, passaram ao tal chamado Peidolas. Minha nossa, pudesse a máquina do Urso tirar fotos que eu punha-a aqui. Uma coisa inacreditável. O gigantone só deve ter 2 órgãos. Um é o da fala, irra que não se cala e o outro, é o que avaria a fala, ou mais propriamente, o que diz. Ele acontece, ele faz, ele pinta a manta e eu dei a pensar cá com as minhas t-shirts ridículas... este gajo, lá na minha terra, havia de ser o maior do parreiral. Ele indromina toda a gente e sai sempre a ganhar. De tal forma que o dito conseguiu mudar de nome a meio da prova, digo, festa, pois agora é o padre augusto. Com aqueles óculos, já estou mesmo a ver porque o chamam de padre, se bem que o outro, o Frederico, já bazou para o Brasil...
Depois havia um que passava a vida no chão e dali não saía. Pensei que andava doente ou o catano, ou que procurava moedas, mas afinal não, dizia que andava sempre a ser Enterrado, por isso mais valia não sair dali mesmo. Assim, poupava tempo e trabalho. E de vez quem quando, lá tirava 1 pão e uma garrafa de vinho zurrapa da algibeira e dizia que era para o pessoal todo... Ele não deve ter os parafusos todos, se é que algum tem, inclusive eu que ando a delirar desde o inicio desta acta, então como é que estes abutres se iam satisfazer com um pão e uma garrafa de tintol...? Este pessoal vai para velho e depois fica sovina.
E por falar em sovina, havia lá um que era o Fidel, creio que o dono do castelo. Não é que o gajo contava as garrafas que trazia para a mesa e espetava as rolhas nos palitos tipo pente da sueca para não perder o fio à meada. Fiquei deveras curioso como contaria ele as botelhas, se de 5 em 5 minutos se esquecia do próprio nome, chamava-me Cavaco Silva e ia dar um beijo à Big de boas noites a pensar que era a netinha que nunca teve...
Ele há coisas do diabo...e por falar em diabo, havia ainda mais um. Esse era o mais esquisito de eles todos. Um tal de Lambe Cês que nunca parava quieto e devia ouvir muita mal. Eles diziam boa tarde e ele respondia viesses mais cedo. Diziam que bebiam agua ardente e ele respondia que aquilo batia de repente batia. Diziam para atirar 5 bolotas e ele ia buscar mais 5 só para ele... Deve ser doença que dá aos gigantones a partir de uma certa idade, só pode. Aliás, deve ser isso mesmo pois ele tinha a mania que era engraçado, delirava constantemente e contracenava com uma senhora que lhe estava sempre a dar cabo do canastro.
Estava eu ainda a processar esta informação toda quando desataram a correr para uma prova, e digo a correr porque queriam era aviar aquilo depressinha para comer, arrastando-me com eles. Era qualquer coisa de atirar uma bola para um buraco no chão e depois atirar e apanhar umas pedras. Não percebi nada, mas já vi coisas piores, tipo paintball ou kartings e consegui uma miniatura da classificação dessa prova que segue em anexo...
Ora estavam eles mergulhados nos comes quando a luz se me alumiou outra vez.
Tu queres ver outra vez!!!???” disse eu. “Eu nem comi caraças e já me estão a bulir o esquema”.
Só tive tempo de me agarrar ao prato, meter uns bocados de frango nos bolsos e despejar vinho nos sapatos e zuuuum, lá estava eu outra vez sem fazer a mais pequena ideia donde estava e o que estava ali a fazer... Isto começa a tornar-se repetitivo...
Desta vez estava num local estranho, para não variar, mas ao invés do outro, tudo me parecia pequenito... ou seria da terrível má disposição que padecia?
Humm, maldito frango que gamei lá nos gigantones... e aquele vinho era mm martelado, como as contas do outro... foi castigo carambas” dizia eu enquanto chamava o gregório pela enésima vez e arreava o calhau, desesperado com uma soltura que mais valia andar com o saco na mão...
Ó faz favor, importa de verter as suas entranhas para cima de outro?” disse alguém...
Que diabo??!!” disse eu espantado. “Mas quem é que está a falar?”
É daqui de baixo ó gandula” disse a tal voz grave e rouca, mais parecida com alguém que estava com flatulência oral.
Olha-me este... este...esta miniatura!” respondi eu. “Isto é de loucos... então ainda agora dei de caras com gigantones e agora só dá anões! Ó amigo, isto aqui é tudo assim?”
É tudo assim, mas você é que tem a mania que estamos todos mal... e vejam lá onde põe as patas que isto não é para estragar hoje ãh!” vociferou o homem. “Eu sou o Arrotus e isto aqui chama-se Lilliput”.
Nem queria acreditar... Então não é que estava a seguir as pisadas do Gulliver sem saber como nem porquê. E o mais engraçado é que me saía sempre na rifa um caramelo, que arrotava como gente grande, andava de boina feito Zé do Boné... ai não, esse não, esse é o Pedroto e já se finou vai para 20 anos... e dizia que mandava lá num clube da rua dele.
Vá, venha daí ó enjeitado” diz-me o artista “venha daí que anda muito amarelo. Tenho de lhe mostrar uma jogatana aqui da terra, disfarçada de almoço ou o contrário”.
E lá fui eu, com cuidado com o que pisava, o que não era fácil, não porque eu fosse grande mas porque estava com uma ressaca de figadeira que até me davam ouras...
Ora seja bem vindo e prepare-se para uma pokerada” diz-me uma espécie de girino com óculos...
Esfreguei os olhos, “Não pode ser” disse eu incrédulo... “Não é um girino com óculos mas uma réplica do gigantone Sacus que me tinham apresentado na outra terra... só que minúsculo. “Mas que andas tu a fazer de preservativo na mão, homem de deus?”
Não é isso ó ranholas, é um saco para comer e beber a dobrar...” diz-me o dito... “queres um naco?”
“Dasse, sai-te...que me salta o figado”
TUNC TUNC TUNC
Olha, e têm um Peidolas também, quer dizer, um Padre Augusto. Será que também é como o outro?” perguntei-me eu...
Não sei como é o outro mas aqui o Je não dá abébias a ninguém... ora quantos são, quantos são? Saem 1000 fichas para este Flash Down de duques tristes” diz-me o dito cujo. “É pá, tão a fazer Raise, eu faço All In e mais nada, 10000 fichas. Ainda ontem matei 3 gajos ao pequeno almoço por não me dizerem as horas e só precisei de uma hóstia.”
É pá, o minorca era mesmo igual ao outro, até na garganta...
TUNC TUNC TUNC
Estava eu ainda como que hipnotizado pela cantilena do padreco e entra-me pelos olhos a dentro a visão de uma chinchila que falava, sentava-se à mesa e pasme-se, tirava fotografias. Extraordinário.
Eu faço Back Fullan com este par de cenas tortas e invisto 100 fichas, e quem cobrir leva já com uma dentada na testa” diz-me o fulano.
Bolas, esta chinchila é tal e qual o outro urso... será que se chama...
Aqui o Kodaque é o maior, só é pena ir em último” diz-me ele.
E tinha mesmo o nome do outro também. Bolas, devo estar num delírio hepático, só pode...
TUNC TUNC TUNC
Pois eu jogo em grande, faço Brush On com este trio de ases, invisto 40 fichas, tiro 50, meto 40, faço de conta que tiro 30, meto amanha 20 e faço o pino enquanto bato palmas” diz-me um bigode que me parecia mexer sozinho... mas não, estava alguém por detrás desse farfalhudo bigodaço e também se apelidava de Lambe Cês...
E o gajo punha fichas nas orelhas, tirava-as da manga e...
TUNC TUNC TUNC
É pá, que barulho é este, irra que irrita pá” disse eu.
Ora eheh, vão 50 fichas nesta sequência royal deluxe de trio de damas que agora vao correr bem, a não ser que me enterrem mais uma vez” diz o homem.
É pá, você não se chamará enterrado?” perguntei eu.
Naa, isso já foi, agora sou o Batuques
Fiquei perplexo, pois enquanto ele falava, fumava um charuto, batia num copo com uma colher, no prato com o isqueiro, na cadeira com um pé e na mesa com os joelhos...
Ó amigo, você devia ser baterista, tal é a sua coordenação” afirmei-lhe eu.
Era bom era, mas isto é alzweimer
ALZWEIMER???!!! Nem pensar, não entra mais ninguém no jogo. Eu tenho um trio de ternos lá no armário e vou investir neste Blow up 500 fichas” diz de repente um deles...
Era tal e qual o Fidel do outro país, impressionante...
Disse e repito, invisto 350 fichas” voltava a dizer...
E tirava 100 para a mesa...
Fiquei sem saber se era batota do homem ou se ele se ia esquecendo sucessivamente do que havia apostado... hilariante. Eu até afixo aqui a contagem da jogatana, ampliada, pois mal se via por ser tão pequena. E estava eu a prepara-me para beber um chá de hipericão quando me dá novamente a luz...
Acordei na cama, em suores frios... xiça penico, será que...???

Esticamus

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010